segunda-feira, 22 de julho de 2013

Rituais religiosos africanos

          Os rituais do candomblé são realizados em templos chamados casas, roças ou terreiros que podem ser de linhagem matriarcal (quando somente as mulheres podem assumir a liderança), patriarcal (quando somente homens podem assumir a liderança) ou mista (quando homens e mulheres podem assumir a liderança do terreiro). A celebração do ritual é feita pelo pai de santo ou mãe de santo, que inicia o despacho do Exu. Em ritmo de dança, o tambor é tocado e os filhos de santo começam a invocar seus orixás para que os incorporem. O ritual tem no mínimo duas horas de duração.
            O candomblé não pode ser igualado à umbanda. No candomblé, não há incorporação de espíritos, já que os orixás que são incorporados são divindades da natureza; enquanto a umbanda é um movimento religioso centrado quase que exclusivamente sobre o ritual.O grupo religioso se encontra e se reúne para celebrar os momentos da vida. O primeiro contato que um novo adepto tem com o grupo é sempre durante a sessão ritual.
            A cosmovisão (cosmovisão é uma palavra que se refere à maneira como alguém vê o mundo. Inclui também as respostas que são dadas aos grandes porquês da vida humana) é apreendida durante o rito. É aí que se vê, se experimenta e se assume uma particular maneira de ver a realidade. Este saber é fruto não tanto de explicações teóricas e de doutrinas, mas de uma aprendizagem por contaminação. Também a experiência mística é vivida em toda sua intensidade durante o momento ritual. As entidades espirituais descem nas pessoas que fazem parte do grupo religioso e que estão participando do ritual.
            Outro ritual também muito importante é a Quimbanda, conhecida pelos leigos como macumba, é uma ramificação da umbanda que pratica a magia negra.     Embora cultuem os mesmos Orixás e as mesmas entidades, se sirvam das mesmas indumentárias, e tenham em seus terreiros semelhanças muito marcantes tais como a presença de gongá repleto de imagens dos santos católicos simbolizando os orixás, caboclos e pretos velhos, existem entre as duas religiões diferenças fundamentais e decisivas. Uma delas é que na Quimbanda são realizados despachos com animais como galos e galinhas pretas por exemplo, pólvora, objetos da pessoa a quem se quer prejudicar, dentes, unhas ou cabelo de pessoas ou animais. Estes despachos costumam-se realizar à meia-noite em locais como encruzilhadas e cemitérios.
            Os quimbandeiros têm como ponto principal de seu culto a invocação de Exus que na Quimbanda são considerados espíritos das trevas, uns já em estado de evolução, e outros, denominados quiumbas, espíritos atrasadíssimos e que por isso também são chamados obsessores

            É importante lembrar que o sincretismo entre Exu e o Diabo existe, salvaguardando várias confusões ao verificar que atualmente muitas pessoas pensam que a Quimbanda é um culto satanista, tendo aquele sentimento de dualidade aonde as pessoas vêem o bem e o mal em uma luta eterna confundindo a figura do Diabo com tudo de ruim sem lembrar que Ele já teve seu martírio e foi vencido por Deus que é quem determina o espectro e a liberdade de suas ações desde o princípio dos tempos. O conceito de polaridades, positiva e negativa não se encaixa no plano material, aonde não quer dizer o mesmo que atitudes, positiva e negativa, principalmente tratando-se de energia pura

domingo, 21 de julho de 2013

Iorubás


Os iorubás ou yorubas, são um dos maiores grupo étnico na África Ocidental, composto por 30 milhões de pessoas em toda a região. Constituem o segundo maior grupo étnico na Nigéria, com aproximadamente 21% da sua população total. A maioria dos iorubás fala a língua iorubá.
Bem como tendo acesso ao mar, eles compartilham fronteiras com os Borgu no noroeste, os Nupe e os Ebira no norte, os Edo ou povo Benim (não relacionado com o povo da República do Benim), e os Ẹsan e Afemai para o sudeste. Os Igala e outros grupos relacionados encontram-se no nordeste, e os Egun, Fon, e outros povos de língua Gbe no sudoeste. Embora a maioria dos iorubás vivesse no oeste da Nigéria, há também importantes comunidades yorubás indígenas na República do Benim, Gana e Togo.
A maioria dos iorubás é cristã, com os ramos das igrejas Anglicana, Católica, Pentecostal, Metodista, e nativas de que são adeptos. O islamismo inclui aproximadamente um quarto da população iorubá, com a tradicional religião iorubá respondendo pelo resto. Os iorubás têm uma história urbana que data de 500 D.C. as principais cidades iorubás são Lagos, Ibadan, Abeokuta, Akure, etc.

Alguns dos principais Orixás



EXÁ- Divindade imprevisível e maldosa. Seus filhos não devem usar preto e nem vermelho. Opositor a Oxalá.
OGUM - É a divindade da guerra. Não gosta de ser visto frente a frente, não tolerando mentiras.
OXOSSI – Mas tranquilo que seu irmão Ogum, que o criou. Deus da caça e do abastecimento alimentar. Seus filhos é proibido o consumo de mel e bebidas alcoólicas e estes não podem caminhar pela noite sozinhos.
OSSAIM – Pai da vegetação no qual o povo de santo retira as folhas utilizadas nas liturgias e no preparo de poções mágicas que curam doenças. Aos seus filhos, não podem assobiar nos terreiros, não dançam e nem brincam de uma perna só, e nunca deve fantasiar-se cobrindo os olhos.
LOGUM EDÉ - Bissexual, assim denominado pelo povo de santo. Seus filhos não podem mudar de ideia frequentemente. Não deve brincar com espelhos, porque, como Narciso, o orixá aprecia ficar observando e mirando seu corpo e beleza.
OBALUAE – Divindade da varíola e das doenças contagiosas. Temido nos terreiros de candomblé, seu nome não é dito em vão. Seus filhos não devem visitar cemitérios, hospitais ou lugares onde a morte esteja presente.
NANÃ – Na África é considerada a mais antiga divindade das águas, também divindade relacionada à morte. Seus filhos são solitários, moralistas e rabugentos por natureza. Não devem se vestir com as cores lilás, marrom e verde.
OXUMARE – Divindade do arco – íris, da chuva e da movimentação dos astros, e é representado pela serpente. Este gosta de búzios, símbolos da fertilidade e da riqueza.
EUÁ – Orixá da invisibilidade, conhecida como deusa da morte. Divindade da castidade. Os filhos de Euá não devem comer rã nem vestir-se de roxo.
XANGÔ – Deus do trovão, do fogo e da justiça. Filhos de Xangô não comem feijão branco e nem nenhum tipo de fava, e não devem dormir debaixo de árvores, pois com isso instigava o instinto suicida de orixá.
IANSÃ – Divindade dos ventos e das tempestades, é também do fogo. A seus filhos fica proibido o consumo de tartarugas, caranguejos e comidas temperadas com azeite de dendê. E estes estão proibidos de brincar com fogo.
OBÁ – Uma das mulheres de Xangô. Enganada por Oxum, Obá decepou sua orelha conquistar o amor de Xangô, conforme conta um mito. Por causa disto o povo de Obá não deve usar brincos. O metal dourado não deve estar presente nos adornos que seus filhos diretos usam. Eles não comem carneiro, ovo cru nem inhame.
OXUM – A mais amada das esposas de Xangô. Divindade das águas doces, das fontes e dos regatos. Oxum odeia que lhe ofereçam quiabo. Suas filhas não podem entrar menstruadas em suas águas, podendo castigá-las com a esterilidade.
IEMANJÁ – Divindade do rio Ogum, localizado na Nigéria. Se transformando em deusa do mar. É mãe das cabeças humanas, e por isso proíbe seus filhos de permitirem que qualquer pessoa lhes passe a mãe na cabeça. E suas filhas não podem mudar o tamanho nem o formato dos seios.
OXALÁ- É a maior e mais respeitada divindade. Deus da criação dos homens, também divindade do pensamento, do silêncio, do frio e dos defeitos físicos. Em seu templo, todos os fiéis devem se vestir de branco em qualquer circunstância. Seus filhos guardam com castidade a sexta-feira, dia que é considerado consagrado à divindade.

Preza a lenda que...

No começo não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás, e o Aiê, a Terra dos humanos. Homens e divindades iam e vinham, coabitando e dividindo vidas e aventuras.
Conta-se que, quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas.
O céu imaculado do Orixá fora conspurcado.
O branco imaculado de Obatalá se perdera.
Oxalá foi reclamar a Olorum.
Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o Céu da Terra.
Assim, o Orum separou-se do mundo dos homens e nenhum homem poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida.
E os orixás também não podiam vir à Terra com seus corpos.
Agora havia o mundo dos homens e o dos orixás, separados.
Isoladas dos humanos habitantes do Aiê, as divindades entristeceram.
Os orixás tinham saudades de suas peripécias entre os humanos e andavam tristes e amuados.
Foram queixar-se com Olodumare, que acabou consentindo que os orixás pudessem vez por outra retornar à Terra.
Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seus devotos.
Foi a condição imposta por Olodumare.
Oxum, que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres, dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto, recebeu de Olorum um novo encargo: preparar os mortais para receberem em seus corpos os orixás.
Oxum fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão.
De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos orixás.
Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta, banhou seus corpos com ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças, pintou seus corpos.
Pintou suas cabeças com pintinhas brancas, como as pintas das penas da conquém, como as penas da galinha-d’angola.
Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e coroas.
O ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio-da-costa.
Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos, dúzias de dourados indés.
O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas e múltiplas fieiras de búzios, cerâmicas e corais.
Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori, finas ervas e obi mascado, com todo condimento de que gostam os orixás.
Esse oxo atrairia o orixá ao ori da iniciada e o orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.
Finalmente as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e estavamodara.
As iaôs eram as noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum conseguia imaginar.
Estavam prontas para os deuses.
Os orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança ao Aiê, podiam cavalgar o corpo das devotas.
Os humanos faziam oferendas aos orixás, convidando-os à Terra, aos corpos das iaôs. Então os orixás vinham e tomavam seus cavalos.
E, enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás, enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê, os orixás dançavam e dançavam e dançavam.
Os orixás podiam de novo conviver com os mortais.
Os orixás estavam felizes.
Na roda das feitas, no corpo das iaôs, eles dançavam e dançavam e dançavam.
Estava inventado o candomblé.

Origem do Candomblé


A antiga cidade de Ifé, ao sudoeste da atual Nigéria, no começo do século era capital religiosa e artística do território que cobria uma parte central da atual República do Daomé. É a fonte mística do poder e da legitimidade, o berço da consagração espiritual, e para onde voltaram os restos mortais e símbolos de todos os reis iorubas. 
Candomblé é uma palavra derivada da língua bantu: ca [ka]= uso, costume, ndomb= negro, preto e lé= lugar, casa, terreiro e/ou pequeno atabaque. A reunião dos três vocábulos resulta em "lugar de costume dos negros", lugar de tradições negras.
O candomblé e uma religião que teve origem na cidade de Ifé, na África, e foi trazida para o Brasil pelos negros iorubas. Seus deuses são os Orixás.
O pai ou a mãe de santo é a autoridade máxima dentro do candomblé. Eles são escolhidos pelos próprios Orixás, eles os conduzem a isto, fazem com que as pessoas por eles escolhidas sejam naturalmente levadas à religião, até que assumam o cargo para o qual estão destinadas. Uma pessoa não pode optar se quer ou não ser um Pai ou Mãe de Santo se não acontecer durante sua vida fatos que a levem a isto. São pessoas que de alguma forma são iluminadas pelos Orixás para que cumpram seu destino.
Os Pais de Santo, normalmente, são donos de uma roça, ou seja, um lugar onde estão plantados todos os axés e no qual os Orixás são cultuados. Dentro da roça existe o barracão (assim denominado por causa dos negros que antigamente moravam em barracões), que é o lugar em que são feitos os grandes assentamentos (oferendas) para os deuses.

Introdução

A maior parte dos autores considera difícil reconstituir as ideias e práticas religiosas, pois eram constantemente renovadas. Os africanos não islamizados possuíam apenas tradições orais. E julgavam a religião por sua vivência diária, sobretudo quando se tratava de aliviar sofrimentos e de assegurar paz, prosperidade e fecundidade. As religiões estavam sujeitas a transformações, constituindo-se num dos aspectos mais plurais da cultura. 

Os bantos mantiveram certa homogeneidade religiosa: ideias sobre um espírito criador, espíritos de ancestrais e da natureza, filtros e feitiços, rituais e feiticeiros eram comuns. Cada grupo, contudo, chegava a ideias e práticas específicas. No século XV, por exemplo, o povo congo parece ter partilhado a noção de que um "espírito criador" estaria acima dos demais, e que as forças da natureza e dos ancestrais eram muito ativas. Estatuetas era o suporte material dos avós mortos e, por extensão, figuras por meio das quais se recuperava e utilizava os espíritos do além.
 
A fertilidade agrícola era invocada por chefes da terra, que se serviam de mediadores espirituais. Já no reino Cuba, no século XVIII, veneravam-se três espíritos criadores diferentes numa mostra da complexidade da religião e pensava-se que as ameaças naturais eram fruto de desordem social e moral. No Mali do século XI sacrificavam-se animais para chamar chuva. No Benim, a divindade mais cultuada, segundo alguns autores, era Olodum: ele garantia filhos e riquezas e era o benfeitor particular das mulheres.

Na Costa do Ouro, os homens comuns, por vezes, endereçavam ao sacrifício uma de suas mulheres ou alguns de seus Filhos. Em Bissau, quando da morte do rei, sacrificavam-se jovens que caminhavam para a morte cantando e dançando. As pessoas eram simplesmente decapitadas. Entre os dogons, as cerimônias funerárias incluíam danças no telhado da casa dos defuntos, nas quais muitos mascarados participavam segundo regras precisas. O objetivo era afastar a alma, evitando que esta voltasse, apavorando os membros da família. Onde havia sistemas patriarcais dominando as sociedades, prosperava o culto aos ancestrais.

Onde a organização das aldeias era forte, a religião apoiava-se em sociedades secretas cujo objetivo era tirar força dos espíritos para curar doenças, assegurar a fertilidade e combater feitiços. É o caso da sociedade de iniciação Poro.

Os iorubás e outros povos aparentados veneravam, por sua vez, várias divindades: os orixás, divindades da natureza (trovão, rios, arco-íris etc.) que, depois de sua deifícação foram assimilados a ancestrais fundadores de dinastias. Elas intercediam entre os homens e o deus criador, Olodum.
Os iorubás e outros povos serviam a um orixá quer por herança, quer porque a divindade, por intermédio de um adivinho, os teria escolhido. Alguns orixás eram reconhecidos em certas aldeias ou cidades, outros, em toda uma área cultural. Os seus adoradores podiam reunir-se e formar um grupo local provido de templo, imagens, sacerdotes, rituais coletivos e uma função no intenso e colorido ciclo de festas. A adivinhação também era largamente utilizada.
 
As coisas mudam quando surge o Islã. Esse se expandiu pela savana graças ao comércio. O Alcorão chegava junto com as barras de sal, os fardos de tecidos, os cestos, os objetos de cobre e os alimentos. Devota de divindades ligadas a terra, às águas, às árvores, temia e respeitava este misto de comerciantes e sacerdotes, que perambulavam com talismãs ao pescoço - saquinhos de couro contendo um trecho do Corão - capazes de protegê-los

No século XIV os tuaregues se convertem à nova fé. Nasce um grupo clerical, os kuntas, afiliado a uma das mais importantes fraternidades consagradas à penetração do Islã. A dinastia Songai enraizada na curva do Níger se manteve, todavia, fiel à religião local. Entre os haussás, no fim do século XV, os soberanos das cidades-estados de Cano, Zaria e Katsina eram muçulmanos, mas isto não evitou tensões e resistências. Na última, um reputado centro de educação, conservavam-se ritos pagãos de coroação. O palácio, apesar do islamismo, era um bastião de culto aos espíritos.

No sul, a expansão foi mais difícil. Grupos islâmicos vindos do norte da África e até do Oriente Médio pelo Sael, chegaram entre os iorubás no século XV. Mas, aos fins do século XVIII, o clero dos Estados haussás considerava que os iorubás pagãos podiam ser reduzidos à escravidão. Tanto religiosos muçulmanos quanto cristãos consideravam as religiões africanas obras do diabo. No reino Kano, islâmicos abateram árvores sagradas de onde saíam, segundo eles, "estranhos demónios", para construir mesquitas no lugar. Os africanos consideravam os muçulmanos poderosos feiticeiros. O islamismo mudou até a genealogia dos reis negros. No Mali, diziam-se descendentes do muezim - aquele que anuncia em voz alta, as horas de preces - do profeta Maomé. O Islã oferecia aos africanos do oeste uma idéia mais precisa do Criador e das maneiras de se aproximar dele, poderosas visões do paraíso e do inferno, um sentimento de destino a atingir e uma cosmologia sob autoridade da revelação divina.

Nas cidades haussás do Bornu tudo isto foi adotado, mesmo por aqueles que continuaram adeptos do panteão local. Alá fundiu-se com o espírito criador. Emprestou-se da nova fé a idéia de anjos e demónios. Adotou-se a idéia de uma figura profética capaz de revelar o saber divino aos homens. Resultou disso uma variedade de crenças que os soberanos encorajavam na preocupação de manter a harmonia.


Portanto, na sua terrível luta contra a natureza, os africanos se preocupavam, sobretudo, com a prosperidade e a harmonia no seio do mundo terrestre. Este ideal era encarnado pela figura do "grande homem", rico em armazéns de grãos, em gado, em ouro e, sobretudo, em escravos prontos para assegurar trabalho, segurança e poder. A busca da prosperidade levava a um espírito de reciprocidade, provado através da distribuição de bebidas, comidas a todos. A fortuna - arziki, em haussá - se perdia facilmente onde a natureza era hostil e a morte se mostrava tão presente. Num mundo onde não faltavam terras, pobres eram aqueles que não podiam trabalhar. Sob certos aspectos, até o sec. XV, as sociedades da África Ocidental não se distinguiam muito de algumas europeias, dependendo prioritariamente do trabalho familiar para sobreviver.